Vida sexual plena na terceira idade
Toques suaves, carícias pelo corpo, abraços apertados, beijos calorosos. Não importa a idade, tudo isso é sempre bom. As mãos procurando carinho, dando e recebendo. A idade não é empecilho para que os corpos se desnudem diante do parceiro, sem vergonha e pudores desnecessários. As marcas da existência reveladas como troféus de uma vida cheia de histórias. Os carinhos mais experientes, o prazer mais intenso, afinal, os dois conhecem muito bem o próprio corpo. As preliminares, o ato, e as carícias pós-sexo. Tudo é bom e prazeroso, independente da idade. Ao contrário do que se diz, vida sexual não tem prazo de validade, logo não termina quando a pessoa se aposenta. O médico geriatra, Dr. Rodrigo Dias afirma que “desejo sexual não tem idade. O estímulo sexual para o ser humano não é algo restrito à biologia e à reprodução, como na maioria dos animais. Para o ser humano, o sexo é reprodução e conservação da espécie, porém é também carinho, realização, fantasia e busca por prazer e se estende muito além da juventude”.
Com o passar dos anos, chega o envelhecimento e muitos acreditam que com ele vem o desinteresse pelo sexo. O jornalista e psicanalista Mauricio Sita, autor do livro Como levar um homem à loucura na cama contesta este senso comum. Em sua obra ele faz um manifesto que chama de “pró-qualidade de vida, antimonotonia”. Ele escreve que a mulher de meia idade geralmente já passou por um casamento fiel, mas que acabou na monotonia. O psicanalista afirma que 80% dos casais que chegam a terceira idade juntos, chegam sem excitação. Ele ainda diz, que o responsável por isso não é a falta de vontade de sexo, e sim a monotonia da relação. O livro do Marcelo Sita é resultado de uma pesquisa com 1.800 homens. Os estudos de Sita apontam que na melhor idade, o sexo pode ser tão prazeroso quanto na juventude. É claro que a capacidade não é a mesma de quando se tem vinte anos, mas o desejo e o prazer pode ser o mesmo.
Foi o que aconteceu com Maria dos Santos e o esposo João Rodrigues. Criada por pais conservadores que não conversavam sobre sexo, Maria casou com o primeiro namorado. Casamento tradicional, a noiva virgem, o noivo pouco sabia sobre o assunto também. O início da vida íntima, segundo ela, foi complicado, pois se sentia constrangida. “Meus pais nunca me falaram sobre sexo. Diziam apenas que não podia fazer isso, que era errado, mas nunca me explicaram o que era exatamente isso e porque era errado. Casei virgem e meu marido e eu aprendemos tudo juntos”, declara a aposentada. Dona Maria teve dois filhos com seu esposo e hoje, aos 66 anos e 43 anos de casamento, se sente mais livre para falar e fazer sexo. “Quando nos aposentamos eu ficava em casa, limpando, arrumando, os filhos já crescidos tinham saído de casa. Fiquei deprimida. Nessa época eu e meu marido começamos a frequentar o grupo para terceira idade do Serviço Social do Comércio (Sesc). Passamos a sair, praticar hidroginástica, ir a festas. As palestras sobre qualidade de vida na terceira idade nos ajudaram muito a termos hoje uma vida plena em tosos os sentidos. O sexo melhorou muito, a minha auto estima também”, revela com satisfação a aposentada.
A sexóloga Cleide Borges afirma que a mulher de 60 anos hoje está mais exigente em relação ao sexo. O que era reprimido antigamente agora é permitido. Essa mulher passa a fazer questão do orgasmo, mas para isso nem sempre é necessário a mudança de parceiro e sim informação. “Hoje encontramos muitos casais de idosos procurando ajuda para terem qualidade sexual em consultorias e palestras. Eles descobrem que podem ter satisfação um com outro”, diz a sexóloga.
Recomeçando a vida
Sentados lado a lado em cadeiras de balanço Dona Beatriz Nunes e o namorado olham a rua ao longe. A casa avarandada, afastada da rua e rodeada por árvores serve de abrigo para o amor do casal. Ela tem 69, ele 84 anos. D. Biata, como prefere ser chamada, foi casada durante vinte e nove anos e teve oito filhos. Depois de um casamento longo, de ter criado todos os filhos e estar ajudando a criar os netos, se separou do marido devido à infidelidade dele. Ela conta que ficou sozinha durante alguns anos. Conheceu seu atual namorado através de uma amiga. “Vamos fazer quinze anos de namoro. Minha amiga me disse que ele era viúvo e na primeira vez que conversamos, ele perguntou se eu era casada, viúva ou de namoricos. Conversamos muito e depois começamos a namorar. Ele morava sozinho, mas os filhos que moravam perto não deixavam ele me levar na casa dele. Então o jeito foi irmos para um motel. Passamos muitos anos nos encontrado somente nesses locais. Faz uns oito anos que os filhos dele fizeram uma reunião familiar, conversaram muito e decidiram aceitar o nosso relacionmento. Dos meus sete filhos vivos, apenas dois não aceitaram bem eu estar namorando, os outros me apoiaram”. Segundo Biata, hoje tantos os filhos dele como os dela compreendem e apoiam. “Eu tenho 68 anos, e gosto muito de transar. Sinto muito desejo. É lógico que eu não sou mais como era antes, mas ainda tenho muita vontade, afinal, eu ainda não morri, estou viva”. Ela afirma que todas as vezes em que transa com o namorado tem orgasmo. De acordo com ela, hoje eles transam menos, pois ele já está com idade avançada e o corpo não responde mais como gostaria. Ela diz que às vezes a mente quer mais o corpo não responde. Aí ficam até três meses sem sexo, mas com carinho e cumplicidade. “Mas de repente a coisa pega e eu aproveito”. Ela revel que o tempo não fez seu desejo acabar e entende que hoje faz sexo de forma diferente. O corpo não deixa mais fazer tudo que queriam, mas, com as limitações é possível ter prazer, e “bom prazer”, garante. “Todo mundo diz que quando a mulher entra na menopausa o desejo sexual diminui. Comigo aconteceu o contrário, foi aí que eu senti mais desejo e mais prazer. Com meu namorado me senti livre, feliz. Mesmo com essa idade me sinto mais realizada na cama hoje do que quando era mais jovem. Gosto de dormir nua, e abraçada com meu namorado. Me sinto feliz e abençoada”. D. Biata tem a própria casa mas divide seu tempo nela e na residência do namorado.
Nazaré Nunes, filha de D. Biata, afirma que o namoro fez muito bem para a mãe e que para ela foi super natural a mãe encontrar alguém pra dividir a vida. Ela afirma que “as pessoas tendem a torcer os olhos para uma senhora com mais idade, filhos e netos crescidos namorando e pagando pernoite no motel, mas que isso é devido a criação machista que muitos tem. Um homem fazer isso tudo bem, mas uma mulher não é vista com os mesmos olhos”. Anaís Chagas, 17 anos, fala que às vezes fica constrangida com a forma como a vó fala sobre sexo, “mas acho isso muito bom pra ela. A maioria das senhoras da idade dela, só vive no médico e reclamando da vida, de dor em todo lugar, mas a minha não. As pessoas ficam impressionadas quando digo que minha avó é alegre, sai e namora”, afirma a neta de D. Beatriz.
Menopausa e sexo
Ao contrário do que se fala o desejo sexual não necessariamente tem que diminuir com a menopausa. Os remédios para reposição de hormônios têm se mostrado eficiente na atenuação dos sintomas da menopausa. As ondas de calores, as dores, a falta de libido e ressecamento da parede vaginal podem ser resolvidos com medicamentos. Por este motivo, a mulher, depois que passa pela menopausa, necessita mais ainda dos estímulos do parceiro para chegar ao clima ideal para o sexo. A reposição hormonal tem ajudado muito as mulheres a terem uma vida sexual muito mais longa. O Dr. Rodrigo Dias afirma que “a reposição de hormônios tem ajudado bastante neste prolongamento, porém o melhor conhecimento da nutrologia e da importância da correta aplicação de exercícios físicos, também têm se mostrado importantes”, afirma o médico.
Nessa fase, o sexo além de satisfação física, reafirma a intimidade, o vinculo e o afeto entre os parceiros, é o que afirma D. Biata com base em sua longa experiência de vida. Ter uma vida sexual ativa em qualquer idade trás grandes benefícios a saúde física e mental. A função sexual acompanha o individuo por toda a vida. O conceito pré-concebido de que a terceira idade seja assexuada é errado. Isso era realidade há duas décadas. “A vida sexual após os 60 anos de idade pode proporcionar plenitude e realização, ou seja, felicidade. Além do mais, fatores biológicos, como a redução da pressão arterial, a normalização dos níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia, em alterações mais brandas, podem ser encontrados; os hormônios sexuais produzidos também melhoram a aparência da pele e dos cabelos e o sono melhora em qualidade”, explica o geriatra Dr. Rodrigo Dias.
Dicas para melhorar o desempenho sexual:
- Reaprendam a namorar: saiam, dancem, andem de mãos dadas, conheçam novos lugares, revivam os antigos;
- Redescubram prazeres, usem preservativo sempre com novos parceiros;
- Não tenha medo do novo,
- Use lubrificantes nas relações sexuais para evitar o desconforto;
- Aproveite o maior estímulo sexual de seu parceiro;
- Procurar um terapeuta sexual se houver algum problema que o casal não tenha conseguido resolver;
- Se liberte de todos os preconceitos anteriores.
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USEM PRESERVATIVO, SE PROTEJAM!!!
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